quarta-feira, 28 de março de 2012

Quem é o seu público-alvo?


Recentemente, na empresa de tecnologia em que trabalho, recebemos a visita de um consultor para assuntos de sustentabilidade. Precisávamos (continuamos precisando, e muito) construir um relatório de sustentabilidade e queríamos que ele nos assessorasse neste processo. Ao sentar-se conosco(comigo e com um colega), fez-nos a seguinte pergunta:
 – Quem é o público-alvo deste relatório?
Ou seja: ele queria saber para quem nos escreveríamos o relatório, quem seriam as pessoas que o leriam. Para quem nós pretendíamos divulgar os dados coletados . Informação importantíssima para quem, como nós, desejava tornar públicas as práticas sustentáveis da companhia.

Achei interessante a pergunta. E muito pertinente. Fui professora durante muitos anos. No início da carreira, trabalhei com crianças. Mais tarde, com adolescentes. Ao me dirigir para qualquer turma e dar uma aula, eu já sabia de antemão que tipo de aluno me esperava. Como eu teria que falar com ele. Como a matéria teria que ser explicada na turma X e na turmaY. Pessoas diferentes requerem estratégias diferentes. Sempre houve a preocupação de conhecer o meu público-alvo ao preparar uma aula, fosse ela de análise textual ou gramática. Uma mesma matéria pode ser dada para alunos de 3º  ou  7º ano do Ensino Fundamental e para os que se preparam para o vestibular. O que vai mudar é a estratégia que o educador vai usar para ministrar  o conteúdo em turmas com perfis tão diferentes. Ao saber quem é o público-alvo da sua aula, o professor vai pensar, inclusive, em que tipo de linguagem usar para explicar  o que pretende. E que profundidade dar ao assunto trabalhado.

Vai ministrar uma palestra ? Vai coordenar uma reunião de negócios? Vai  apresentar um evento? Comece, então, a pensar em quem será o seu público. Trate de traçar um perfil dele para que assim, munido de informações básicas, você consiga atingir mais facilmente o seu objetivo. Aliás, essa é a estratégia  de sobrevivência do jornalismo, da propaganda e da publicidade. A linguagem usada na revista Capricho, com certeza, é diferente da usada na Época. Assim como os assuntos. Quem escreve para adolescentes precisa abordar assuntos de interesse deles, numa linguagem em que eles se reconheçam. E o mesmo vale para as demais revistas e jornais. Um mesmo fato vai gerar matérias diferenciadas em um jornal de grande circulação nas classes A e B e em outro que tem maior alcance nas classes C e D. Com certeza. Do contrário, perdem-se leitores, e  muito dinheiro.

Ouco muitas pessoas reclamando que não sabem escrever, que têm dificuldade em se expressar, sobretudo por escrito. Acredito que podemos começar a mudar isso se tivermos como preocupação primeira a identificação de nosso público-alvo: quem é aquele que  vai ler o que eu vou escrever? O bilhete é para a empregada doméstica que pouco ou nada estudou? É para o filho adolescente? Para o marido romântico? Para o síndico do seu prédio? Esta é a regra número um da comunicação, oral ou escrita: conhecer o interlocutor. Pode nos dar pistas valiosíssimas sobre o outro a quem vamos nos dirigir.

E isso vale para tudo na vida, inclusive para a nossa relação com as pessoas. A escolha certa das palavras, do momento mais oportuno, da estratégia mais adequada pode nos conduzir a sucessos ou fracassos em nossa comunicação diária. Pessoas mais sensíveis podem receber com estranheza um comentário feito em tom irônico, que pode ter sido motivo de risos e brincadeiras  em um grupo mais desencanado. Um vocábulo mal escolhido e empregado pode desencadear desavenças e inimizades até mesmo em nosso círculo mais íntimo. Assim é o nosso viver cotidiano: cheio de códigos e  nuances. É fundamental estar atento a eles. Aprender  a decifrá-los com nossa inteligência e sensibilidade. Resgatar o respeito perdido na brutalidade de dias tão conturbados. E, nessa tarefa, a escolha da palavra pode ser um grande diferencial.

3 comentários:

  1. Muito bom.... vale muito pra todas as pessoas em suas relações pessoais.

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  2. Gostei muito! Mesmo na correria usual e em meio a muitas tarefas não podemos nos descuidar destas questões.

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