terça-feira, 10 de julho de 2012

Da arte de fazer amigos

 Tenho 250 "amigos" no Facebook. Não me pergunte como cheguei a esse número, grande demais para as parcas 24 horas que compõem o meu dia.Teria que me multiplicar para dar conta de ser, de fato, amiga de todos eles. Ainda que virtualmente. Já que curtir e comentar as publicações dos "amigos" demanda, além de vontade e disposição, uma dose generosa de tempo. Muitos, claro, eu conheço pessoalmente, fazem parte do meu convívio familiar, profissional e social.

Ali, no espaço virtual, tenho a possibilidade de estar também com eles, partilhando coisas de que gosto e apreciando o que eles têm de novo a me oferecer naquele ambiente. Reencontrar amigos de infância, ex-alunos, colegas de trabalho, familiares distantes; saber o que têm feito, o que fizeram, como estão; descobrir  que tipo de comida apreciam, a que restaurantes vão, a que gênero de filme assistem; se casaram, tiveram filhos, separaram; se viajam muito, se estão de férias, se parecem felizes... enfim,  saber de pequenas coisas que, afinal, compõem o dia a dia de todos os mortais, mas das quais dificilmente saberíamos se a pessoa em questão não fosse muito íntima nossa e tivesse conosco uma relação bem próxima.

Pelo Facebook, reencontrei tantas pessoas queridas... Mesmo de longe, é uma forma de estar um pouco mais perto delas, partilhando pequenas intimidades. Gosto disso. Outras – mas aí já é outro caso – a gente adiciona como "amigo" por absoluta educação e constrangimento de uma negativa. É o  amigo do amigo, um parente muito, muito distante, um conhecido de alguém... Para esses casos, entretanto, sempre há uma solução, como acontece também no mundo real.Trata-se de pequenas estratégias  para nos poupar de ter que conviver, mesmo que virtualmente, com quem não queremos. Não vou revelar o que faço, claro. Mas que atire a primeira pedra quem nunca procedeu assim ou, pelo menos, nunca teve vontade.

Gosto, sim, destas novidades tecnológicas. E das possibilidades que elas criam diante das nossas limitações diárias. Porém, tenho a firme convicção de que nada, nada mesmo substitui o contato humano. O olho no olho. A risada escancarada da alegria do encontro. O abraço saudoso. A conversa animada, entremeada de boas lembranças, casos engraçados e muitas emoções. Quem vive a experiência de celebrar o que quer que seja com quem ama sabe o valor que têm esses momentos.Que se tornam ainda mais intensos partilhados em torno de uma mesa farta e acolhedora, bem ao gosto de nossa tradição brasileira.

Ao longo de minha vida, tenho conhecido muitas pessoas.  Não poderia ser diferente, tendo traçado uma história com experiências as mais diversas. Alguns convívios, certamente, se deram, e ainda se dão,  por convenções sociais, meras exigências da vida em sociedade. Nada acrescentaram, mas também nada pesaram em minha trajetória. São pessoas que por mim passaram, sem deixar vestígios ou saudades.Outras  marcaram uma época, sendo presença constante em minhas lembranças e compondo o vasto repertório de minha memória afetiva. E algumas...algumas marcaram ( e continuam marcando) minha vida para sempre.

E digo isso porque nunca fui uma pessoa de muitos amigos. Mesmo na juventude, quando essa é a realidade mais comum, eu parecia destoar da multidão. Mais reservada e sem vocação para a  popularidade, gostava mesmo era da segurança e do conforto proporcionados por aqueles que me faziam sentir bem. Nunca abri muitos espaços, exatamente porque nunca desejei muitas presenças. E sou assim até hoje: bastante seletiva. Mas quem eu permiti entrar não saiu jamais de minha vida. Ainda que a distância  teimasse em nos separar.

Exatamente assim aconteceu com as minhas amigas Gisele e Miriam.  Mesmo tendo ficado longos períodos sem nos encontrar, nada mudou entre nós. São daquelas pessoas de quem  sempre me lembro, embora, às vezes, me esqueça de ligar no dia do aniversário. Ou de telefonar pra dar um "alô". Ou fique longo período sem dar sinal algum. Eu sou assim. Meio "desligada". Mas inteiramente fiel àqueles que me são queridos. E elas sabem disso. E tenho certeza de que sabem também que isso não significa menos amor e comprometimento. Como diz a música, é  só meu "jeito meio estúpido  de ser".

O mais interessante de tudo isso é que, quando a gente se encontra, é como se tivesse se visto no dia anterior. Tudo continua exatamente igual. Não há cobranças, nem ressentimentos, o que traz sempre uma grande leveza aos momentos que passamos juntas - os quais, aliás, têm se tornado muito frequentes. Graças a Deus! Acho que o segredo de uma boa e verdadeira amizade é o mesmo de qualquer relacionamento: o desejo de estar junto, de querer o outro como companhia. Para rir,  conversar, comer, tomar vinho, chorar as mágoas... ou qualquer outra coisa que se deseje. Minhas amigas são poucas e boas. E Gisele e Miriam são protagonistas desse time. Sorte a minha tê-las encontrado pelo caminho.



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