Gosto de caminhar na orla da
Lagoa da Pampulha. É como, normalmente, começo o meu dia. Sempre na companhia
de meu marido. Um dando força pro outro, pra que a gente não caia na tentação
de desistir diante de qualquer intempérie – como uma simples mudança de tempo,
por exemplo. Além de desanuviar a cabeça, cumpro, assim, a minha cota diária de
atividades físicas, tão recomendadas, hoje em dia, pra prevenir uma série de
males da vida moderna.
A vida ali começa cedo. Mal o dia
clareia, é possível encontrar pessoas andando, correndo, pedalando...enfim,
fazendo o que mais lhes apraz em um lugar inspirador como aquele. Sim,
inspirador. Eu me sinto privilegiada de morar na região e poder, todo santo
dia, me exercitar ao lado de gente bonita, apreciando a paisagem exuberante, as
residências do entorno e, se a gente der sorte, acompanhar uma família de
capivaras em seu passeio matinal. Apesar do trânsito intenso, nada mais ali
lembra que estamos em uma metrópole. A não ser, é claro, o mau cheiro que exala
da Lagoa em alguns trechos e a sua extrema poluição.
Hoje, de forma muito especial,
essa poluição saltou aos olhos. Era estarrecedora a quantidade de sujeira que
havia espalhada nas águas. Garrafas plásticas, de água e refrigerante. Cocos e
mais cocos. Sacos plásticos. Latas de cerveja. E só Deus sabe mais o quê.
Confesso, fiquei chocada com o que vi. E com vergonha, muita vergonha de meus
semelhantes. Que ocupam um espaço público nos fins de semana, levam seus filhos
para passear e, sem constrangimento algum, jogam toda sorte de lixo nas águas
da Lagoa. Como se isso fosse o normal a se fazer em uma situação assim. Indignada,
comecei a matutar enquanto caminhava. Será que fazem o mesmo em suas casas? Em
que espécie de chiqueiro essas pessoas devem morar? Que tipo de ensinamento passam
para seus filhos? E exemplos? Como são capazes de jogar lixo fora do lugar com
a cara mais limpa e nenhuma vergonha? Desculpe, mas não me entra na cabeça.
Mesmo!
Dirão alguns: “Ah, mas é preciso
que a Prefeitura, o Estado, o governo federal
– e mais não sei quem – faça campanhas educativas, instrua o povo!” Ahnnn?
Não é vergonhoso precisar fazer uma campanha pra mostrar que lugar de lixo é no
lixo, e não na rua, na lagoa, ou jogado pela janela do carro? Será que isso não
é óbvio demais? A indignação é a mesma
quando entro em um banheiro feminino e, lá, deparo com cartazinhos do tipo:” Não jogue absorvente no vaso.” Deus, será que
existe uma mulher, em sã consciência, que seja mal-educada a esse ponto? E
jogue um absorvente no vaso?
Olha, me recuso a ver as coisas
por esse ângulo . O básico de educação e
civilidade a gente tem que saber. E colocar em prática. Pra mim, é muito
difícil entender uma pessoa que toma uma água de coco e joga o coco dentro de
qualquer outro lugar que não seja o LIXO. Ou que o deixa às margens, quando
poderia colocar nas lixeiras assim que acabasse de tomar ou, então, quando
fosse embora. Qual a dificuldade que há nisso? Deve ser a mesma que, muitas
vezes, nossos filhos têm de jogar no lixo os milhares de papeizinhos de Bis e
de balas que chupam enquanto veem TV ou estão no computador. Educação – por mais
clichê que isso possa parecer – começa em casa. Nos pequenos detalhes. De nada
adianta estudar no colégio mais caro da cidade e fazer os mais badalados cursos
se não sabe viver em sociedade, respeitando o outro e a coletividade.
Claro – e isso é indiscutível – que
a parte de responsabilidade do poder público tem que ser feita. Nós,
belo-horizontinos, sabemos que o problema com a poluição da Lagoa é antigo. Quem
mora na região, e aprendeu a admirar esse cartão-postal de nossa cidade, almeja
uma solução rápida e eficaz para o problema. Definitiva, espera-se. Mas o que
vi, hoje pela manhã, é de inteira responsabilidade nossa, da população. Cuidar
de nossos espaços públicos, zelar pela sua limpeza e integridade, eis aí o
mínimo que podemos fazer por aquilo que é de todos, e de ninguém em
particular. A Lagoa é um patrimônio de BH. E tratar bem dela e de seu entorno
é tarefa de todo mundo.
Lisa, você está certíssima.Meu irmão morou na Alemanha vários anos e, quando voltou, foi morar numa rua da zona sul, próxima à Cidade Jardim , mas seus moradores não respeitavam horário da coleta de lixo e ela vivia imunda. Ele resolveu educar os moradores: escreveu uma carta para todos e começou a fiscalizar.No princípio, foi considerado por alguns o "mala" da rua. Acredite, ele conseguiu torná-la limpa,o pessoal tomou gosto e começou a participar.
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