segunda-feira, 23 de abril de 2012

Cuidando da nossa imagem

Li, há poucos dias, em uma revista voltada para o público executivo, uma matéria sobre uma prática que vem se tornando bastante comum no ambiente corporativo: "bisbilhotar" as redes sociais, com a finalidade de verificar tipos de postagens feitas por candidatos a vagas nas organizações. Pretende-se, com isso, analisar o teor das publicações, descobrir se o candidato em questão costuma postar conteúdos de caráter preconceituoso, difamatório, irresponsável, revanchista ou qualquer coisa nesse sentido. Sim, porque o Twitter, o Facebook, os Blogs e demais mídias, com certeza, dizem muito do que somos e pensamos.E como dizem!

Se você acompanhar, ainda que por pouco tempo, a minha página no facebook, saberá que sou cruzeirense – claro!, católica, tô sempre mais à esquerda – politicamente falando, abomino gente preconceituosa – principalmente aquelas que destilam veneno pelas entrelinhas, sei algumas coisas da língua portuguesa, namoro meu marido até hoje e tenho um amor descomunal pela minha filha. E tantas outras coisas que, mesmo sem ser colocadas de forma explícita, podem ser percebidas pelo tipo de comentário que faço, pelas "curtidas" que dou ou pelos posts que publico.E o mesmo pode ser deduzido de cada "amigo" que  colecionamos pelos twitters e faces da vida.

Não é à toa que tem tanta "celebridade" aposentada precocemente por aí.Usam as redes sociais para expor seus pontos de vista, "detonam" colegas de profissão, políticos e quem o valha publicamente, ridicularizam pessoas públicas, usam e abusam do direito de livre expressão e, por não medirem a extensão de suas palavras, acabam sendo afastadas, gradualmente, de suas atividades. O canal que contratava demite, o outro já não quer mais o até então "talento", os comerciais vão rareando até se extinguirem por completo, e o anonimato, antes uma impossibilidade, vai se tornando cada vez mais real. E, pra voltar à mídia, só mesmo soltando frequentes "bombas" nas redes sociais, tornando-se, assim, notícia novamente, ainda que por migalhas de segundos. É o preço que se paga por se usar de um direito sem respeitar certos limites que se fazem, muitas vezes, necessários.

O Facebook, por exemplo, é terreno fértil para a análise de tipos os mais variados, que surgem ali a todo instante. Por meio das postagens de "amigos", conhecidos e afins, é possível identificar quem tá carente de amizade, de sexo, de amor. Quem tá "deprê", levou um fora, não dá sorte nos relacionamentos. Quem é a favor da palmada em criança, do trabalho infantil e adolescente (desde que não seja o filho dele), e da diminuição da maioridade penal para 16 anos. Quem adora falar mal do governo, chamar pra manifestação contra qualquer coisa (duvido que ele apareça) e protestar contra a corrupção no Brasil.Quem é evangélico, católico, espírita, ateu e agnóstico. Quem é muito ou pouco religioso. Quem detesta todas as religiões. Quem é homofóbico, não curte (ou diz que naõ curte) reality shows, novelas e tudo que é muito popular, mas ama (diz que ama) Clarice Lispector, Caio fernando Abreu e semelhantes.

Enfim, é possível  construir uma imagem a partir do que se lê sobre as postagens de alguém.Por mais inocentes e descompromissadas que elas sejam. Daí a necessidade de estarmos atentos a tudo que tornamos público nas redes sociais. Nem tudo o que pensamos ou fazemos precisa (ou deve) ser publicado. Pode depor contra nossa vida e reputação. As cãmeras estão ligadas. 24 horas por dia. Estão todos de olho em nós. Dando aquela espiadinha.Cabe a cada um decidir que imagem quer passar. Porque, não tenhamos dúvida, boa ou não, é ela que vai ficar.

Um comentário:

  1. Ötimo! Me fez lembrar uma ponderação que ouvi de uma ex-professora no Colégio Padre Eustáquio, Bernadete, que me disse ter ouvido de seu irmão que é padre: há coisas que a gente fala para todo mundo, há outras coisas que a gente fala para algumas pessoas, há coisas que a gente fala para uma pessoa e há coisas que a gente não fala para ninguém!

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