quarta-feira, 14 de março de 2012

Filhos que educam pais

Desenvolvimento sustentável, reciclagem, coleta seletiva, redução do consumo... palavras e expressões que estão na ordem do dia, bradando a urgência da mudança de hábitos e atitudes. Somos, a todo momento, bombardeados por notícias sobre catástrofes naturais – enchentes, terremotos, explosões de vulcões –, que, além de nos entristecer, apavoram-nos quando pensamos no futuro de nossos filhos, no mundo em que viverão e que estamos deixando como herança.

Sempre acreditamos que os recursos naturais eram infinitos, que nunca faltariam e, por isso mesmo, poderíamos usar sem controle, sem nos preocupar com o amanhã. Agíamos despreocupadamente, sem nos importar com a quantidade de água gasta na lavagem do carro, da calçada ou na rega do jardim.

Somos um povo acostumado ao desperdício: a jogar comida fora, mesmo podendo reaproveitá-la no dia seguinte; a deixar lâmpadas acesas pela casa, quando bastaria um simples click para resolver a questão; a produzir toneladas de lixo em nossa própria casa sem nos preocupar com o que será feito dele. Fomos acostumados a consumir, a gastar, sem pensar nas consequências de nossas ações. Somos fruto da cultura do desperdício, que incutiu em nós a equivocada ideia de que a fartura é preferível ao comedimento. Ledo engano!

Como mudar hábitos e promover mudanças em quem sempre acreditou estar agindo corretamente? Não tenho a resposta para isso, mas desconfio de que seremos salvos pelos nossos filhos, pela consciência ambiental que estão desenvolvendo com a colaboração efetiva das escolas. Talvez seja por intermédio deles que começaremos a adotar práticas novas em nosso cotidiano.

Em minha casa, fazemos a coleta seletiva do lixo há seis anos. Separamos os materiais nos recipientes adequados, conduzindo-os, depois, a um desses contêineres que a Prefeitura disponibiliza para a população. E foi minha filha, então com cinco anos, quem nos levou a isso, dando-nos – a mim e ao pai dela – um belo exemplo de como cuidar melhor do mundo em que vivemos.Sem ficar nos dando cansativas lições de moral, aquelas que nós, adultos, adoramos distribuir por aí.

Confesso que nem tudo são flores.Há dias em que o desejo é de acomodação. Verdadeira preguiça de lavar a lata de azeite ou o potinho da manteiga antes de colocar no cesto apropriado. Fora o  hábito – difícil de mudar – de manter as lâmpadas acesas quando já não estamos mais em um ambiente. Somos humanos, afinal. E muito resistentes a mudanças. Porém, logo a consciência grita e, mais que depressa, tratamos de retomar os padrões comportamentais recém-conquistados.Não é tarefa tão fácil, mas é possível. Sobretudo se tivermos ao nosso lado filhos a nos ensinar a viver de uma forma mais leve e  bacana, sempre a nos "cutucar" quando falhamos em nossas tentativas..

Crescemos em uma sociedade com outros valores e, por isso mesmo, precisamos de um "empurrãozinho".Desconfio, de verdade, que, em casos assim, nossos filhos possam ser ótimos educadores. Com a vantagem de nos ensinar sem parecer que o estão fazendo, transformando, dia a dia, o nosso agir cotidiano. Pode ser pouco diante da imensidão de problemas a nos rodear. Mas é um começo. Que pode, sim, fazer a diferença lá na frente.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente! Esta mudança de hábitos é um processo lento mesmo, porque trata-se de uma mudança cultural. Os hábitos estão incorporados. Precisamos nos livrar deles, colocando outros mais adequados no lugar. E, de fato, nosso filhos são mestres nisso. Eles já tem muitos valores associados ao respeito e ao cuidado ambiental agregados em sua formação. A Escola tem feito a diferença! Pegar carona com eles nesta mudança (prá melhor) é tudo de bom!!

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