sábado, 3 de março de 2012

Um viva aos prazeres da vida



Adoro cozinhar. Sei que vou deixar muita gente surpresa com essa afirmação (afinal, o passado nos condena), mas é a grande verdade. Sou daquelas “frequentadoras” assíduas de blogs  de culinária, sempre atrás de uma receita nova de bolo, assados, massas e etcétera e tal pra fazer em minha casa. Gosto de ler os posts, conhecer a história que existe por trás das receitas, acompanhar o passo a passo e curtir as fotos que, normalmente, acompanham as publicações. São imagens tentadoras, a nos provocar e a despertar em nós uma fome repentina. É sempre assim comigo. E lá vou eu pra cozinha, feliz da vida, dar a minha cara a tapa em uma nova experiência culinária.

Nem sempre foi assim. Fui professora durante 25 anos. Quem leciona sabe como é. A gente não para. E a cabeça também não. Além das aulas para preparar, dos livros para ler e analisar, há zilhões de provas pra corrigir, com tempo marcado pra entregar. Enfim, é uma loucura. Hoje, aposentada há três anos e fora da sala de aula, confesso: não sei como dava conta. Acho que é por isso que, fora do ambiente escolar desde então, sinto o tempo render a minha frente. Continuo trabalhando, claro. Tenho 45 anos. Sou muito nova para começar a jogar xadrez na praça e me acomodar. Os desafios é que são outros. E a relação com o tempo também.

Sem tantos afazeres fora do expediente de trabalho, a minha vida doméstica sofreu uma guinada. Passei a curtir mais minha casa e a gostar de ir para a cozinha inventar e testar receitas. Do pão de queijo (minha especialidade) às deliciosas empanadas (que fiz uma vez e ficaram deliciosas). Acho interessantíssimo ver como os ingredientes vão se misturando e dando vida aos pratos, que, muitas vezes, de tão bonitos, encantam primeiro aos olhos.

E, verdade seja dita, eu virei um sucesso. Aqui em casa, claro. Acho que muito disso se deve ao fato de que cozinho com vontade. Sabe o efeito Sazon? Pois é, ele existe! Quando se cozinha com amor, o efeito é devastador. Minha mãe é um grande exemplo disso. Sempre cozinhou maravilhosamente. E continua. Até hoje, vive a nos chamar pra ir até a casa dela comer o que ela fez (ai de quem não experimenta!). O que pode incluir de esfirras a coxinhas (ambas imbatíveis), de maionese a macarrão de domingo (campeão) ou o trivial feijão do dia a dia. Ela é fera na cozinha. E sempre cozinhou sem reclamar. Com amor! Diferente de algumas mulheres que parecem estar fazendo um favor pra família só porque fizeram um estrogonofe de frango pro almoço. Ok, ninguém é obrigado a gostar de cozinhar. Mas vamos combinar: não precisa pagar de mártire só porque preparou um almocinho no domingo, não é?

Hoje, por exemplo, acordei com vontade de comer bolo. Adoro o cheirinho que ele espalha pela casa quando está assando. E resolvi fazer um, de iogurte. Receitinha básica, saborosa, com poucos ingredientes. Acompanhado de uma xícara de café, quem resiste? Eu, com certeza, não. Hoje, com tempo pra me dedicar a coisas de que eu gosto – sem me preocupar, por exemplo, com os pacotes de prova pra corrigir que me esperam –, percebo que a felicidade, às vezes, está mesmo nas pequenas coisas. Mas não é preciso esperar a aposentadoria pra perceber isso. Um novo olhar sobre a vida e suas oportunidades pode ser um começo. E este começo pode ser agora.

Bolo de iogurte
Ingredientes
  • Para a massa
  • 4 ovos
  • 2 copos de farinha de trigo
  • 2 copos de açúcar
  • 1 pote de iogurte natural
  • 1 colher (sopa) de fermento
  • ½ copo de óleo
Obs:Dica: utilize o copo de iogurte como base.
Modo de Preparo
Junte todos os ingredientes da massa no liquidificador e bata até ficar homogêneo. Unte a forma com manteiga e farinha. Coloque a mistura na forma. Asse em forno a 180 graus durante 30 a 40 minutos. Deixe esfriar por alguns minutos. Corte ao meio e recheie com o creme de avela. Polvilhe açúcar de confeiteiro por cima do bolo ( eu substituí o açúcar por uma caldinha de laranja – suco de uma laranja e quatro colheres de sopa de açúcar).

5 comentários:

  1. Quando eu lecionava, achava que a vida seria impossível sem a sala de aula e a convivência com os alunos.Tinha muito medo de aposentar, tanto que aposentei duas vezes.Hoje descobri uma vida nova,sem o relógio a controlar meus movimentos, sem me preocupar com calendário, sem precisar de ir ao cardiologista todo mês de outubro com alta de pressão... Só falta tomar gosto pela cozinha...

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  2. Minha amiga, sei de seus dotes culinários a muitos anos. Seu arroz é fantástico desde os tempos de Floresta. Eu sei porque comi demais na sua casa e até hoje tenho o prazer de continuar experimentando coisas deliciosas da sua culinária. Eu também amo cozinhar. Cozinhar é uma das coisas que mais me relaxam quando estou cansada da rotina escolar. Estar aposentada é sinônimo para mim é ampliar o leque de coisas que podemos construir. Eu ainda chegarei lá. Aguardo 2014 com ansiedade. Tenho adorado ler o que você escreve!

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  3. Só precisa convidar para saborear seus dotes culinários né tia Liza?
    Parabéns pelo blog,estou adorando. Beijocas
    Virginia Raso

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Liza, estou gostando demais de ler seus textos porque vejo como você está bem, madura, serena, feliz com suas escolhas! Mas, também, porque me vejo em muitas coisas. É um privilégio conquistado esse de poder escolher com mais tranquilidade o que fazer em cada momento, investir em projetos deixados de lado por falta de tempo. Outra coisa é assumir com uma certa liberdade feminina (isso faz sentido?) o prazer de cuidar, também, da nossa casa, da nossa família, de nós mesmas, dos nossos lugares sagrados. Quero dizer que estou orgulhosa de você! E este bolo está de dar água na boca...

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